O sujeito workaholic: quando o excesso de trabalho fala mais do que o descanso pode escutar
Em nossa cultura, onde a produtividade parece ter se tornado medida quase exclusiva de valor pessoal, a figura do sujeito que vive para o trabalho emerge como um sintoma não apenas social, mas psíquico. Este não é simplesmente alguém dedicado ou comprometido, mas alguém cuja identidade está profundamente atrelada à atividade incessante, como se fosse impossível existir fora do fazer. É o que chamamos de workaholic — termo importado do inglês, mas que, na escuta psicanalítica, remete a algo muito mais complexo do que uma mera dependência comportamental. A psicanálise nos convida a perguntar: o que significa, para o inconsciente, nunca poder parar? Que função psíquica cumpre essa ocupação constante? Freud já nos ensinava que o sintoma é uma formação de compromisso, isto é, um arranjo entre forças internas que, de um lado, tentam trazer à consciência desejos e conteúdos recalcados e, de outro, procuram mantê-los fora do alcance. O trabalho excessivo, nesse sentido, pode ser compreen...